DESTRINCHANDO A COMIDA REGIONAL
FEBRE COREANA DOS OUVIDOS AO PALADAR
Seul
República da Coréia:
대한민국
Daehan Minguk
Idioma: coreano
Área: 100.339 km²
População: 51.446.201 habitantes (2017)
IDH: 0,903 (2017)
Moeda: Won
capital da Coréia do Sul
que normalmente seria. Residente no Brasil há dez anos, a sul-coreana precisou escolher um nome que os brasileiros tivessem mais facilidade em pronunciar. O processo de escolha do apelido foi mais cômico que poético: era o mais agradável de uma lista de nomes oferecida a ela pelos primos brasileiros. “Explicaram que Carolina significa ‘mulher bonita’, então eu quis esse”, ri.
Foi nessa mudança de ares que Carolina Yang decidiu sair de casa em Seul, capital da Coréia do Sul, e mudar para o Brasil em 2009. Os objetivos eram morar com a tia sul-coreana em São Paulo (SP) e estudar para entrar na faculdade de Direito, na Universidade Federal de São Paulo (USP), além de aprender a falar português. No entanto, ao chegar na capital paulista, Chan se deparou com uma forte comunidade coreana formada a partir da década de 60 no Brasil.
"M
eu nome de verdade, né?” Uma das perguntas básicas que um jornalista deve fazer ao entrevistar alguém é o nome completo. Mas para Chan Young Yang, de 28 anos, a resposta é um pouco mais complicada do
Assim, o grupo de amigos de Carol era formado principalmente por coreanos, com quem ela só falava em - spoiler - coreano. A comida preparada pela tia era dia sim, dia não, de origem coreana. No campo acadêmico, a experiência também não correspondeu às expectativas. Por isso, quando a oportunidade de trabalhar como tradutora no Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, no Ceará, surgiu, Carol respondeu um imediato sim.
Ao se mudar em 2014, ela finalmente começou a desenvolver fluência no português. E ao mesmo tempo em que trabalhava com tradução, Carol também auxiliava a família no restaurante de um familiar, o Dol Dam. Localizado no Cumbuco, o Dol Dam era conhecido por vender marmitas de comida coreana por preços acessíveis. A mãe de Carol, Meejeon Jee (ou Estela), também veio da Coréia para o Brasil a fim de colaborar no negócio familiar.
O Dol Dam fechou no final de 2018. Na mesma época, Carol e Estela abriram o KPop&Food, restaurante com pratos coreanos executivos e buffet. Enquanto o KPop é uma estratégia para atrair jovens brasileiros, a parte do food é bem séria. Os pratos são feitos com produtos coreanos trazidos de São Paulo que, por sua vez, são importados da Coréia. O que não é possível de importar, devido a perecibilidade dos alimentos, a família de Carol planta. É o caso da folha de gergelim, do nirá (alho japonês ou cebolinho chinês) e do buchu.
Além disso, existe um ingrediente crucial para os pratos coreanos, a pimenta. “Eu acho que a gente coloca pimenta em tudo porque lá na Coréia o inverno é muito frio”, explica Carol. Entretanto, ela percebeu que o tempero é forte demais para o paladar brasileiro. Por isso, o KPop&Food decidiu reduzir a quantidade de pimenta nos pratos comercializados.
No dia da entrevista, Carol nos surpreendeu com a degustação de um prato coreano. Foi ótimo para as integrantes perceberam as diferentes nuances entre os temperos e regionalidades dos pratos
Além da iguaria, os pratos do KPop&Food buscam preservar a identidade coreana. Os acompanhamentos são servidos tal qual no país de origem, utilizando os pequenos pratos chamados de banchans, e o menú é construído por alimentos normalmente consumidos nos lares coreanos. A salada kimchi, por exemplo, é para os coreanos o que o feijão com arroz é para os brasileiros, explica Carol.
No entanto, o restaurante ainda é pouco procurado pela comunidade coreana em Fortaleza. Na verdade, Carol percebe que o espaço virou antro para os fãs do gênero musical, que podem não ser coreanos, mas anseiam por conhecer mais da cultura dos idols. Principalmente quando refletida naquilo que todas as culturas amam fazer: comer.
KPop&Food
Funcionamento: de segunda à sábado, de 11h30 às 22h
Endereço: Rua Ana Bilhar, 1167 - Meireles